Por Políbio Alves
(Re)verso da palavra, do educador e professor Rony Santos, motivo dessa exposição em apreço, provoca, por certo, estranho deslumbramento. Desse jeito, assinala, de pronto, sensibilidade e paixão. Assim, expostas sobre as páginas dedilhadas pelo poeta. E mais. Ele não cometeu nenhuma heresia de querer se apossar da inventividade artística de Carlos Drummond de Andrade, Augusto dos Anjos, ou mesmo Luís Vaz de Camões. Só isso. Poeta da novíssima produção brasileira, cultuada e revitalizada na Paraíba.
De imediato, o livro de Rony Santos nos conduz ao pleno universo da alma do poeta. Por isso, revela tendências claras / ocultas de salientes perspectivas e angústias. Nem sempre periódicas e anônimas no território do mundo. Além de que, soberana leitura. Atonal. Simplesmente diversificadora. Às vezes, (Re)verso da palavra, lembra, tanto quanto possível, um ensaio fotográfico de Ricardo Peixoto. Aquele, em preto & branco. Decididamente se aconchegando no plano colossal de nossas letras contemporâneas. O poeta estende a visão com um olhar libertário sobre o cotidiano. Sem cercear formalidades preconcebidas, tão decantadas, nos compêndios de hoje e de ontem. Pois é, o livro de Rony Santos sintoniza outras vertentes expositivas. Essa, de suor, sangue e vida capaz de seduzir, agora e hoje, respeitadíssimos leitores. Nada mais. Aliciante perspectiva dimensional que se alastra retumbante sobre cada página do livro.
Tributo peculiar à oralidade, consciência e zelo, como parâmetros essenciais do fluxo poético em si.
Rony Santos é o desbravador das miudezas cotidianas, no sentido exato / inexato das coisas vertebradas / invertebradas. Já se desgarrando, sem decoro, dos homens e dos objetos. Constituindo, portanto, uma impensável simbiose no reino mavioso da poesia. Que se revela metrificando sentimentos e angústias. Exatamente inimagináveis. Essas coisas, vertente de inauditas lembranças. Tudo se aliando ao decantar emblemáticas imagens. É possível, da primeira até a última estrofe do livro. A partir de então, fascinante matéria, orgânica, de versejar a vida. Furiosamente. O poeta alude, em boa hora, a inúmeras metáforas usando a expressão “calçadas”. Elemento fundante de signos e transgressor de uma sobrevida. Tão desbravada, em torno do existencial, apenas, que conduz o leitor ao paraíso singular da vida escrachada, do inútil odor da pele ao lado, sob o ínfimo espaço das deduções oportunas, mediante aguçada sensibilidade em desnudar o prazer de saciar
a sede de viver, na incomparável imensidão da escritura poética. Considerando então, o diálogo permanente, autoral com o mundo.
Poeta e escritor. Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. A obra polibiana é reconhecida como “Patrimônio Cultural Imaterial” do município de João Pessoa e do estado da Paraíba
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O livro “(Re)verso da palavra”, de Rony Santos, pode ser adquirido AQUI