Por Lucinea Rezende
Poesia é coisa séria. Vem da alma. Transcende nosso cotidiano. Faz com ouçamos o mar, estando em terra firme. Traz o canto dos pássaros em meio ao burburinho do dia a dia, e a ave de arribação “lá onde se esconde cada noite o luar”. Evoca a ternura de mãos que se juntam, o “cheiro molhado de terra no açude da lembrança”.
Poesia nos leva a caminharmos “devagar em ruas estreitas, sob a cor dos jardins e a palidez das casas”. É como “a melodia abafada, o rumor do dia”, lá onde “tilintam os copos na toalha cinza”.
Poesia é como “blusa de renda e cambraia” no “branco organdi”, ao “fino traçado das mãos marés”. É “bico de pena em leve traçado. Suave pincel, risco em quadro, riacho”.
Poesia é escrita em tom maior ou meio-tom. Ambos, um tom completo. Maria de Fátima de Barros Neves optou pelo Meio-Tom. Foi desenhando manhãs, lugares, sentimentos, vistos no “cofre do tempo”, emaranhados em “rendas de silêncio”. Fez-se um livro!