Biliu, eterno como Campina

Por Thélio Farias

 

No ano de 1991, meu irmão Taney Farias foi morar em Londres, com o objetivo de fazer um intercâmbio na terra dos Beatles. Na bagagem, levou um disco de Biliu de Campina. Em visita à BBC (British Broadcasting Corporation), com sede na Portland Place, entregou o LP de Biliu de Campina ao radialista Jáder Oliveira, mineiro residente na Inglaterra há mais de vinte anos e que apresentava prestigiado programa radiofônico com difusão mundial pela potente emissora britânica.

Jáder ouviu o disco e se apaixonou pela música “O pobre e o rico”, encantado pelo ritmo diferente, cadência musical, mistura de erudito e popular. A música passou a ser tocada na BBC e ouvida não só na Grã-Bretanha, como também em todo o planeta. Seria a primeira consagração internacional de Biliu.

A partir desse evento, Biliu passou a se referir ao meu irmão como seu “empresário internacional”, estreitando a relação com minha família, que já admirava o talento, a espontaneidade e a carreira do grande artista campinense. Se não bastasse, Severino Xavier de Souza, o nome de batismo de Biliu, é também nosso colega advogado, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Estadual da Paraíba, mesma instituição que Taney, eu, meu irmão Talden e minha mãe nos formamos.

Portanto, é com indisfarçável honra que recebi o convite de Noaldo Ribeiro para fazer o texto de apresentação do seu novo livro “Traquinagens Liberadas de Biliu de Campina”, no qual conta histórias do personagem, com um texto instigante, inteligente e repleto de fino humor, seguindo a máxima de Oscar Wilde: “A vida é muito importante para ser levada a sério.”. Biliu é um personagem marcante na história de Campina Grande, não só por ser um artista popular, amado e admirado pelos forrozeiros, nem por se constituir no sucessor de Jackson  do Pandeiro. Biliu é criador da ciência da “Forrologia”, ou “Forrobodologia”, além do grande defensor do verdadeiro forró, da autêntica música nordestina. A atuação de Biliu em defesa da música autêntica só se compara com a militância de Ariano Suassuna em defesa da literatura popular do Nordeste. Como lembra Noaldo, as raízes de Biliu “são o cacto, as palmas, os gatos-do-mato e tudo que representa o sertão nordestino, incluindo principalmente, o coco, o baião, a cantoria e a embolada.”

O livro de Noaldo possui cadência musical. Lemos ao ritmo do pandeiro. O texto flui como o som da melhor sanfona. As histórias de Biliu são deliciosas e se perenizam na escrita de Ribeiro.

Fugindo da biografia tradicional, a obra expõe “traquinagens” de Biliu, que mostra o tamanho inenarrável do grande artista paraibano. Se

Erasmo é de Roterdam, Leonardo é de Da Vinci, Biliu é de Campina, e, como Campina, Biliu é grande e eterno!

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O livro “Traquinagens liberadas de Biliu de Campina”, de Noaldo Ribeiro, pode adquirido AQUI

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