Por Alexandre Costa
Começa a cair por terra uma máxima cajazeirense que cheguei a ouvir da boca do deputado estadual Bosco Barreto: “Alex, Cajazeiras é uma cidade madrasta para com os seus líderes e benfeitores”. Essa revelação de Bosco em tom de desabafo me foi feita “em off” minutos antes de uma entrevista que ele me concedeu, publicada na extinta Revista Oba!, numa manhã de inverno, logo no início do ano 2000 no Solar dos Barretos.
O Bosco que conheci desde criança como amigo, e cúmplice inseparável do meu irmão Joaquim Costa Neto, denunciava naquela sua contundente afirmação a incúria histórica do povo cajazeirense em reconhecer, preservar e cultuar a memória dos seus benfeitores.
Fiquei intrigado com aquela confissão de um dos mais polêmicos políticos de Cajazeiras e passei a buscar as causas e as razões que levaram aquela constatação. Não precisei ir longe, Bosco Barreto estava certo! O descaso e o desprezo gritante com a memória do nosso benfeitor maior, Padre Inácio de Sousa Rolim atestam isso. Cadê o memorial do Padre? Que memorial? Nem sequer sabemos onde jazem os seus restos mortais. É a nossa história sendo estuprada!
Nem mesmo no ano 2000 durante as extensas e pomposas comemorações do bicentenário do nascimento do padre Rolim quando os sentimentos de rever nossa história estavam aguçados lembraram de construir um memorial para reunir em único espaço todo o acervo do nosso sagrado sacerdote, como uma forma de eterna gratidão preservando a rica história do seu apostolado além de servir de inspiração para gerações futuras.
A comissão organizadora desse evento, que tinha o ex-deputado federal Edme Tavares como presidente, chegou a anunciar a construção desse memorial no bairro Jardim Oásis nas imediações do IFPB. Pura firula! Faltou ação política e cobrança da sociedade.
Com o recente lançamento do livro do escritor e acadêmico da ACAL-Academia Cajazeirense de Artes e Letras, Helder Ferreira de Moura, “Dom Zacarias Rolim de Moura, Fé e Espiritualidade, Educação e Cultura” acredito que finalmente Cajazeiras, que se jacta como a terra da cultura, comece a quebrar esse vergonhoso paradigma.
O delicioso livro de Helder, além de historiar e traçar um preciso perfil do 5° bispo de Cajazeiras e tornar-se uma referência obrigatória para quem deseja se aprofundar na apaixonante história de vida de Dom Zacarias representa um marco de uma nova postura para preservamos a história dos nossos líderes e benfeitores.
Alexandre Costa é membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL)