É de lirismo essa “Travessia” de Porcina Furtado. Um lirismo que não é comedido, nem bem comportado, um lirismo que se quer libertação, como defende o célebre poema de Manuel Bandeira.
“são versos/ bem ditos/ doloridos/ rima/ de rio/ no canto da boca/ de meninas/ mulheres/ esquecidas/ na/ vida”, sentencia um poema.
E que meninas mulheres são essas?
São aquelas que já acordam com o corpo chorando, mulheres de um só nome, com o tempo chegando a galope, com o gosto de mel e fel no primeiro beijo, o adeus no amor, as cicatrizes, a sala da casa esvaziada no final da tarde.
O medo!
A solidão!
Porcina Furtado vem construindo uma travessia sólida e ousada na literatura paraibana. Uma de nossas melhores vozes poéticas nesse século XXI e não tenho medo de afirmar isso. Esse livro apenas confirma essa assertiva e dá mais asas ao seu eu-lírico.
Linaldo Guedes
Editor