Em João Pessoa, Vianey Santos apresenta, na Usina Energisa, série de aquarelas que integra sua primeira coletânea de contos, ‘Ranhuras da Gente’
Por Guilherme Cabral
O professor titular de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Vianey Santos, lançará oficialmente seu primeiro livro, “Ranhuras da Gente”, no próximo dia 6 de agosto, a partir das 19h, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Energisa, localizada na cidade de João Pessoa, durante evento multicultural que, além de literatura, ainda inclui artes plásticas e música. Publicado pela Editora Arribaçã, do município de Cajazeiras (PB), a coletânea tem 26 contos, nove ilustrações, 145 páginas e custa R$ 50. No entanto, quem quiser apreciar esses desenhos do próprio autor já pode visitar gratuitamente a exposição homônima à do livro que ele está realizando na Galeria Alexandre Filho da mesma instituição, composta pelo total de 15 imagens e que permanecerá aberta, no período de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e sábado, das 14h às 18h, até a data do lançamento da obra.
O evento de lançamento do livro será comandado pelo jornalista Jãmarrí Nogueira e, na ocasião, a programação vai incluir um recital exclusivo da soprano Maria Carla Pino Cury, que é cantora de ópera na Europa, e o pianista Daniel Seixas; a leitura dramatizada pela atriz Melânia Silveira de um dos contos da obra, A madrinha de fogueira, que fala sobre a noite de São João e cuja ilustração correspondente feita para o texto integra a exposição; e a participação especial da escritora Maria Valéria Rezende, que assina o texto de apresentação da obra – em que considera o livro como algo “que se lê como água fresca num dia de grande calor” – e irá compor a mesa de debates. Em seguida, haverá coquetel e sessão de autógrafos. Já no dia quatro de setembro também haverá tarde de autógrafos e sarau, a partir das 15h, na Livraria do Luiz do MAG Shopping, na capital paraibana.
“Os contos foram escritos durante a pandemia da Covid-19, quando eu estava dando aula virtualmente para meus alunos, na UFPB, e o isolamento social, bem como o risco e o perigo que se corria, por causa da pandemia, me inspiraram a escrever os textos baseados em algumas memórias e produzir as ilustrações para o livro. Depois, com a ideia de realizar a exposição, decidi ampliar a quantidade de ilustrações e todas são na técnica mista aquarela com lápis de cor”, afirmou o professor Vianey Santos. Amor, solidão, mitologia, conhecimento ancestral, religião, o cotidiano e a hipocrisia das pessoas são alguns dos temas abordados pelo escritor. “Não é um livro da história da minha vida, mas uma ficção, a partir de aspectos inspirados em algumas das minhas memórias. A maioria dos textos é inspirada em fatos que presenciei ou em histórias que escutei e os contos são autônomos, pois cada um tem cenário diferente e abordam aspectos humanos e espirituais”, observou ele.
“Com essa coletânea de contos, o que pretendo é retomar aquele caminho da infância. Por contingência, eu tenho 40 anos de música, dos quais 35 anos como professor, mas desde pequeno já escrevia, pintava e fazia ilustrações”, acrescentou Vianey Santos, que escreveu o primeiro conto – não publicado – aos 13 anos de idade e acredita poder continuar uma carreira literária. Mas, caso não prossiga, admitiu que esse momento já está sendo “prazeroso”. Referindo-se à exposição, cuja abertura ocorreu na última segunda-feira (11) e é a primeira que realiza, o professor disse que o título da individual é homônimo ao do livro. “Eu me inspirei nos fatos da minha memória e relacionei com as pinturas rupestres da minha cidade, pois sou natural de Sumé (PB). Escolhi para o livro as ilustrações para as quais me inspirei rapidamente para produzir, mas todas as ilustrações do livro e da exposição são totalmente vinculadas”, disse Vianey Santos. Ele revelou estar satisfeito com a receptividade do público para com a mostra e está com a ideia de que alunos de escolas sejam levados para visitar a Galeria Alexandre Filho da Usina Energisa, onde ainda é possível apreciar outras ilustrações, a exemplo das intituladas A prima distante e Saudade em dobrado.
O professor Vianey Santos é lotado no Departamento de Música da UFPB, Campus de João Pessoa, e graduado em Psicologia pela Furne, atual Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e em Música pela UFPB. Ele tornou-se professor de Canto do Departamento em 1991, atuando como professor e tenor e se apresentando no Brasil e no exterior. Em 2003, recebeu o título de Doctor of Musical Arts – Performance Vocal, pela Universidade de Shenandoah, EUA. Nos últimos anos, tem se dedicado à formação de novas gerações de cantores, atuando como professor de canto nos cursos de Extensão, Graduação e Pós-Graduação em Música da UFPB. Ele foi membro fundador de vários grupos vocais paraibanos e, atualmente, realiza pesquisas sobre a música vocal de matriz africana do compositor paraibano José Siqueira.
(Matéria publicada no jornal A União, de 15 de julho de 2022)