Emilia Guerra já é uma autora bem conhecida da poesia paraibana. Autora de vários livros publicados, Emília chega com mais uma obra ao mercado editorial e às livrarias. Trata-se de “Sinais”, que classifico como uma obra de maturidade poética com ampliação do vocabulário literário e estilístico, sem abrir mão de suas raízes, de suas primeiras influências e, principalmente, de suas reminiscências.
Sim, as reminiscência pontuam a maioria dos versos desse “Sinais”, mas o tom nem sempre é o mesmo. Às vezes vem disfarçado de telurismo; noutras de nostalgia e em algumas de um acentuado lirismo. Esse tom de reminiscência já vem pontuado no primeiro poema do livro. Em “Afluentes”, a poeta consegue ser lírica e cáustica ao mesmo tempo. Diz na última estrofe:
“os afluentes ladeiam todos os desertos
das nossas rotas perdidas”.
O bom é perceber que a rota de Emília Guerra não está perdida. Pelo contrário, Sua poesia é cheia de achados que encontram eco, com certeza, no leitor mais atento. Como ela mesma diz em um dos poemas do livro, “para os achados e perdidos/ Luz nas brenhas”. Emília é essa luz, que pode vir de diversas formas. Até mesmo em versos temperados com filosofia, como em “Silenciosas moradas”:
“Velas acesas afugentando fantasmas
Clarão da luz que salva
Somos guias da límpida visão
A que nos destina
O mais são silenciosas moradas
Onde guardamos o brado de dor
De cavernas que nos desatinam”.
Emília Guerra não esquece de suas origens em Esperança, bela cidade do brejo paraibano. Vários poemas remetem ao seu mundo telúrico, mesmo quando não falam especificamente da cidade onde nasceu. É o caso do poema “Caminhada”, a falar de porteiras e cancelas para falar das pegadas que o eu-lírico deixa sob o tempo. Ou em “Loção da vida”, ressaltando o cheiro de terra molhada.
Há momentos de intenso teor lírico no livro. Cito, entre eles, o poema “Palavra”:
“Não me basta a palavra
Sem fim e incompleta
Palavra sobre palavra
É algo mais que a dor
Da flor colhida no jardim
Dos meus ais.”
E o que falar dos poemas românticos? Aliás, o romantismo de Emília Guerra vem embalado com pitadas de ironia, de sarcasmo, em algumas vezes com um tom coloquial a desarmar o leitor em versos como esse:
“O amor fugindo
Sem sonho e sabor
Iguaria rejeitada
Mesa sem toalha
Sangria desatada
Sem verbo
Sem cantada
Folia sem Carnaval
É osso duro de roer
Matando cachorro a grito”.
Emília Guerra é uma poeta que sabe que “tudo se recria/ inclusive nossos dias”. Sua poesia, assim, está em permanente metamorfose. Sem medo de extravasar sentimentos, de derramar palavras nos “parágrafos dos manifestos declamados”. No olhar triste sobre o canto do pássaro preso na gaiola.
Os “Sinais” de Emília Guerra neste volume poético são vários e amplos. Diversificados, com lirismo, onomatopeias, metalinguagem, saudosismo, influências românticas e modernistas, mas, sobretudo, uma poesia emiliana, com dicção própria. Capaz de evocar poesia por todas as páginas, como na singeleza de “Travessia de jardim”:
“Onde me prendi na travessia
De um jardim com flores
E borboletas coloridas
Cadeias imagináveis
Viáveis à poesia
Perfumes guardados
De souvenires de festas necessárias
Onde me libertei
Arrancando pedaços
Dos meus descompassos
Exausta de uma luta insana
Sinto o cheiro do jardim
E perambulo dentro de mim
Eliminando flores murchas”.
(*) Poeta, jornalista e editor. Prefácio escrito para o livro “Sinais”, de Emília Guerra, Arribaçã Editora, 2019
Meus Parabéns Escritor, Jornalista e Editor Linaldo Quedes pelo excelente Prefácio lançado no Livro ” Sinais ” da Renomada Poetisa Paraibana Emilia Guerra. Análise perfeita. Meus Cumprimentos também a Arribaçã Editora pelos cuidados visuais e gráficos empregados no Livro. Bem como a divulgação do Lançamento. Eu estive no Evento na Livraria do Luiz e pude aferir a receptividade por importantes Personalidades da Cultura ao Livro de Poemas de Emilia Guerra. Abraços e Felicidade ! Carlos René de Oliveira, Escritor. Brasília – Distrito Federal – Brasil, 03 de agosto de 2019.