Por Sérgio de Castro Pinto
Alguns poetas tematizam o longe, o distante, ora em termos geográficos, ora em termos metafísicos. Foi assim, por exemplo, com os poetas da chamada Geração 45, cuja maioria quase absoluta privilegiava paisagens europeias em detrimento da realidade nacional. Outras vezes, lançavam mão de um discurso etéreo, evanescente, que não adquiria contornos definidos, na medida em que convertiam o estado onírico em núcleo temático da poesia.
Pois bem, o eu-lírico de “(Re)verso da palavra” é um voyeur daqui mesmo, do aqui e do agora, da carnadura (ou da ossatura?) do real, das ruas, vielas e becos de João Pessoa, cidade que ele visita, peripateticamente, na condição de testemunha de uma época em que o homem é degradado à condição de reles objeto da história.
Poesia urbana por excelência, a de Rony Santos possui uma dicção amarga, cética, bem em consonância com a distopia que move um verdadeiro cerco ao homem contemporâneo. Não se trata, porém, de uma poesia panfletária, tribunícia, mas de uma poesia que quase sempre observa, deixando ao leitor a última palavra, a palavra final, sobre o assunto objeto das especulações do eu-lírico.
Resta-me concluir dizendo que só agora descobri o poeta Rony Santos, pois, antes, só sabia do professor competente, interagindo com a turma de igual para igual, uma vez que ele sabe que todos nós ensinamos aprendendo, aprendemos ensinando, espécie de pedra de toque de todo docente que se preze.
Sérgio de Castro Pinto é poeta e escritor paraibano
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