Houve um tempo em que ousadia era fazer o verso livre, sem métrica, sem rima.
Essa tendência, herança do Modernismo, acabou gerando um descuido com a linguagem e uma falta de cuidado na escolha das palavras e dos versos de um poema.
Hoje ousadia é valorizar a linguagem, sem abrir mão do conteúdo; não ter medo de rimar, de metrificar, de fazer uma poesia essencialmente musical.
“Coração Arlequim”, de Márcia Sanchez Luz, atende às duas ousadias.
A primeira parte do livro traz trovas, haicais, quadras, enfim… São poemas curtos, com um olhar irônico, mordaz e, sobretudo, intimista.
A segunda parte é toda composta de sonetos, em suas mais diversas formas. Há um lirismo pungente, um tom de melancolia, mas acima de tudo muito ritmo e qualidade literária.
São versos parnasianos? Não! Vejo mais como versos que lembram a segunda fase do Romantismo. Versos ultrarromânticos que nos levam a Álvares de Azevedo e que merecem um estudo mais apurado;
Enquanto esse estudo não vem, deixamos nossa leitura bater no compasso do coração arlequim de Márcia Sanchez Luz!
Linaldo Guedes
Agosto, 2022
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O livro “Coração Arlequim”, de Márcia Sanchez Luz, pode ser adquirido no site da Arribaçã no seguinte link: http://www.arribacaeditora.com.br/coracao-arlequim/