Por Nilson Oliveira
Fica cada vez mais difícil, sobretudo para a crítica – se é que a questão interessa à crítica –, perceber as nuances e erupções, livros, editoras, autores, implicados em uma produção literária que excede as fronteiras do sudeste.
Isso se pode dizer (também) dos certames, de todos os tamanhos. É uma repetição sistemática. E não se trata de uma implicância com os autores, o problema é político e corporativo. E mesmo quando existe uma exceção (raridade), normalmente é um caso (corporativo) de uma marca (editora) sediada (e com demanda para) já se sabe para onde.
NORTE, NORDESTE, SUL, em termos de poesia, prosa, literatura, de um modo geral, existe e é resistente por si em seus próprios fluxos. Felizmente, muita coisa acontece. Assim como acontece, e estamos atentos a isso, com os autores imperceptíveis ou invisibilizados no próprio sudeste.
Um panorama geral parece impossível. Assim como é impossível uma distribuição equilibrada que compreenda livros de poetas do Sul, Nordeste ou Norte nas livrarias de Ipanema ou da Paulista. Mas o contrário parece ser um processo natural e isso não incomoda, bem ao contrário, pois a questão não é com os parentes (para cunhar um termo (indígena) bem adequado – que singulariza e associa diferentes e diferenças). A questão é com um “mercado” restritivo e unilateral pelo qual tudo parece (cada vez mais) dominado.
E vejam como o jogo tem filtros e modulações, é praticamente impossível encontrar nas livrarias do Norte, de Belém mais especificamente, um dos livros de um grande artista e escritor como Vitor Ramil.
É um caso antigo e constrangedor. E não tem nada que uma Flip (para ser irônico) consiga dirimir.
Tudo isso para dizer que esse belo livro《CAOS COSMO》do poeta Antonio Moura está na pista (espaço literário). É realmente um grande livro de poesia, de um poeta de Belém que reside em Pernambuco e foi editado por uma “pequena” e potente editora de “Cajazeiras” (PB). Mas isso não interessa a (quase) ninguém.