Por Militao De Maya Ricardo
Acabei de ler e quero recomendar muito aos amigos e amigas “A Doze”, novo livro do Professor e Jornalista Lourenço o Dutra Júnior. Ou simplesmente o meu amigo Júnior das bandas Nossa Amizade (da Feira de Música do Teatro Galpão), Liberdade Condicional e outras que formou depois. Ele hoje também se dedica à literatura e o faz com qualidade. Lançamento da editora Arribaçã. Está à venda na internet ou nas livrarias de Brasília.
O livro traz as memórias dele, filho de pioneiros, que nasceu em Brasília e foi morar na 312 Norte em 1966. Ali viveu, cresceu e vivenciou uma das quadras mais peculiares e conhecidas da cidade. Ele escreve de forma fluida e leve, alternando cenas do cotidiano da Brasilia “das antigas” em texto dinâmico e envolvente, ágil e leve. Bom de ler!
Nós que crescemos na Brasilia “de outrora” vamos lendo e revendo cenas e cenários que nos são familiares. Buscando na memória os acontecimentos que marcaram a cidade e também pessoas que porventura também conhecemos ou com que convivemos em algum momento. É possível relembrar e até saber mais detalhes sobre histórias peculiares que ocorreram na cidade. Os personagens, pessoas simples, figuras públicas, os fatos que marcaram a capital federal.
Lourenço Júnior nos conduz por aquela cidade que não existe mais no modo concreto, mas que está viva e acesa em nossos corações e mentes. O menino que brincava no cerrado que ainda florescia na área da futura superquadra ao lado, que brincava embaixo do bloco, que jogava bola e fugia dos graminhas, que viu novos prédios serem erguidos na terra vermelha, que olhou gente chegar dos quatro cantos do país pra compor este mosaico cultural que é a capital do Brasil.
Por fim ele deixa o registro da sua participação na cena musical do Rock dos anos 80 na cidade. Ele tocou em várias bandas, a mais conhecida o “Liberdade Condicional”. O relato mostra que o punk rock não foi a única raiz musical do movimento das bandas da cidade e que tinham outras sonoridades no Distrito Federal. Um relato direto, sincero, verdadeiro e necessário do árduo caminho trilhado por uma das várias bandas que não conseguiram seu lugar ao sol no mercado musical brasileiro.
Lourenço Júnior é um brasiliense de corpo e alma, que molda com qualidade textos fluidos e bons de ler, um conjunto de flashes de memória que nos conduzem pelas superquadras, entrequadras, ruas comerciais, eixos, cerrados e lugares da nossa querida Brasilia da antigas. Nos levam pelas escolas, pelas ruas comerciais e pelos palcos. Tudo sob o sol e o céu azul profundo incomparável do planalto central. Recomendo fortemente esta boa leitura.