Por Ytalo Cantanhede
A poesia tem um poder singular de tocar nossas feridas mais profundas, dar nome às dores silenciosas e transformar a vulnerabilidade em arte. Fratura Exposta: Fissuras, de Egberto Vital, é exatamente isso: um livro revelador que expõe as rachaduras da existência, abrindo caminho para reflexões sobre corpo, identidade, relações, pertencimento e as marcas deixadas pelo tempo.
Longe de ser uma coletânea convencional, a obra se propõe como um “passeio” pelas feridas emocionais, como o próprio autor define. Mas esse passeio não é tranquilo. Ele é visceral, inquietante e corajoso, escancarando as fraturas sociais, culturais e pessoais que nos atravessam. Entre versos intensos, Vital constrói uma poética da exposição, onde cada palavra funciona como um bisturi que corta, revela e, por vezes, cicatriza.
A poesia como espelho da vulnerabilidade
Ao longo dos poemas, Egberto Vital explora a complexidade das relações humanas e a forma como elas deixam suas marcas. As “fissuras” do título não são apenas metafóricas, mas concretas, falam das dores que moldam nossa identidade e da luta constante para encontrar sentido no caos.
A escrita é permeada por uma sensibilidade crua e realista, trazendo à tona questões sobre paternidade, solidão, orgulho e pertencimento. O autor compartilha sua própria experiência com a adoção e os desafios da paternagem, tornando o livro ainda mais íntimo e potente.
Sua poesia não é um monólogo, mas um convite à empatia e ao diálogo, fazendo com que o leitor também enxergue suas próprias fissuras refletidas nos versos.
Os versos são profundamente impactantes, e cada linha toca o leitor de uma forma carregada de sensibilidade provocativa.
Corpo, identidade e sociedade: as rachaduras do mundo
As fraturas expostas na obra não são apenas individuais, mas coletivas. A poesia de Vital navega por questões sociopolíticas e artísticas, abordando os impactos do mundo sobre os corpos, as identidades e as relações interpessoais.
Em meio às palavras, há uma denúncia silenciosa das desigualdades, uma crítica aos sistemas que nos fragmentam e uma reflexão sobre o peso da existência em tempos de constantes rupturas.
O livro se destaca por sua linguagem direta, mas carregada de lirismo, equilibrando o pessoal e o político, o íntimo e o universal. O poeta expõe sua vivência, além de apontar para um cenário maior, no qual todos nós estamos inseridos. A leitura, por vezes, é um soco no estômago, mas daqueles que despertam e fazem refletir.
A estética da fragmentação
Além do conteúdo denso e instigante, a própria estrutura do livro reflete a ideia de fissura e fragmentação. Os poemas transitam entre diferentes tons e formas, criando uma experiência fluida e dinâmica. Há momentos de silêncio e respiro, seguidos por versos que explodem em intensidade e provocação.
Essa estética fragmentada é uma escolha estilística e reflexo do próprio tema da obra. Vital brinca com ritmos, tornando cada poema um pedaço de um grande mosaico de experiências e sentimentos.
Um livro que não cicatriza – e nem precisa
Fratura Exposta: Fissuras não é uma leitura que não se propõe a fechar feridas, mas a escancará-las, permitindo que cada leitor enxergue nelas um pouco de sua própria história.
O fato de a obra ter sido submetida à segunda edição do Concurso de Poesia Arribaçã, concorrendo com diversos autores do Brasil, apenas reforça sua relevância no cenário literário contemporâneo. Egberto Vital nos entrega uma poesia necessária, inquietante e profundamente humana.
Se você busca uma leitura que provoca, emociona e faz pensar, este livro é para você. Prepare-se para se perder – e se encontrar – entre as fissuras da existência.
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